Brian Fallon–Barcelona 2022

O dia era 13/10/2019. Brian Fallon abria a venda dos ingressos para sua turnê na Europa para 2020. A lista? Mais de 35 shows, em 9 países. Eu olhei a lista e brilhava um 7/5/2020 – Barcelona…

A ideia era simples: Eu compraria um voo, tiraria uns dias de férias e aproveitaria a cidade no final de semana. Mas o destino reservava muitas outras coisas nesse meio do caminho. Em novembro daquele mesmo ano, eu tive uma conversa com o Almy sobre mudar para Barcelona. Decidi tudo em janeiro/2020 e me mudei em março/2020. Eu já “economizaria” o voo, a hospedagem e os dias de férias. Tudo parecia perfeito demais… E daí, veio a pandemia e o show foi cancelado.

Na verdade, remarcado. Primeiro para maio/2021. Depois para novembro/2021 e finalmente para Quinta-feira, 12 de maio de 2022. O local o mesmo: a mítica (e muito conhecida) Sala Apolo. Além de eu ver um show que eu esperava há dois anos, poderia riscar mais um dos locais que “lia nas inúmeras resenhas de shows” por aí…

E a Sala Apolo é BEM foda. Ela é linda. Luzes, espaço, som, conforto, estrutura… Juro que eu esperava algo bem mais tranquilo e me surpreendi com tamanha beleza.

Mas vamos ao show.

A abertura ficou por conta de dois caras que eu não conhecia e nunca havia ouvido falar. Primeiro foi Jesse Malin que fez um show correto e bem interessante. O cara foi o vocalista da “D Generation” (essa eu já tinha ouvido falar) e fiquei com vontade de ouvir mais do que o cara produz. Um show bom e interessante para abrir os trabalhos…

Depois foi a vez de Chris Farren e admito que não sou muito fã do estilo indie+colorido+egocêntrico. O cara tem umas ideias interessantes para fazer o show (ele faz projeção de imagens, que segue a música e rola umas mensagens do nada tipo “solo de guitarra”, “agora os aplausos”, “outro set perfeito”, etc.). E ele se esforça (ou não?) para parecer curtir e parecer amar tudo aquilo. Talvez seja autêntico, mas eu fico um pouco cansado. Jesse Malin foi bem melhor recebido e aplaudido com mais vontade… Coisas da vida.

Depois de uma troca de palco até que demorada, mas 2 minutos antes das 21h – Brian Fallon entra no palco. Como de praxe, não esboça nenhuma emoção e faz seu show/setlist meio que engessado e meio que manjado. O “Boa noite” é depois da 2a música e a gente pouco nota ou presta atenção. As melhores sequências começam a aparecer “Nobody Wins”, “If Your Prayers…” e “My name is the Night” surgem juntas e a Sala Apolo ignora qualquer coisa para cantar e dançar.

Depois a temperatura cai para as músicas mais lentas e introspectivas e Brian começa a fazer sua espécie de Stand-Up nos intervalos das músicas. Quem já viu um show dele sabe que isso pode durar 40 minutos facilmente (contei do show da turnê com o Craig Finn em Dublin aqui – foi o mais curto de toda a turnê, simplesmente porque ele estava cansado e achou que a balsa UK > Dublin não deveria existir), mas para nossa sorte, foram apenas uns 10 minutos no total.

“You Have Stolen My Heart”, “Rosemary”, “A Wonderful Life”, “Etta James” e “Smoke” fecham o show depois de 1h28 exatamente (tinha um relógio no palco, então dava para ver a hora hahahaha). Foi o melhor dele? Não! Ainda acho que o primeiro show que vi dele em Dublin (num dos lugares mais lindos que eu vi show na minha vida) foi o melhor até agora. Mas foi um show correto. Sempre faltaram músicas para quem é fã. Tinha gente querendo uns covers de Gaslight Anthem, eu pedindo mais de “Horrible Crowes” e uma galera pedindo um ou outra antiga dele. Mas ninguém saiu bravo ou triste com o resultado. Brian continua fazendo shows corretos e interessantes (mesmo engessados e sem espaço para surpresas).

Ele então agradeceu e se foi. Sem um “até logo” ou “a gente se vê no ano que vem”. Talvez só eu tenha notado isso… Mas, não importa. Em agosto estarei o reencontrando com o Gaslight Anthem. Gaslight Anthem é um buraco muito mais embaixo. Muito mais intenso. Muito mais complicado. E eu tenho certeza, desde agora, que esse Brian 2022 está precisando da energia que o Gaslight (e o público principalmente) produz.