Resolvi escrever sobre 2018, em 2019… não por nada, mas por talvez precisar de mais tempo para pensar em tudo o que aconteceu e revirou no ano. 2018 foi um ano que eu custei para ver o Sol em Dublin, mas que me fez mudar os planos ainda no primeiro semestre. Foi um ano que teve a pior neve de não sei quantas décadas, mas também teve o maior verão de não sei quantos anos. Foi um ano de extremos e, no fim de tudo, eu acho que foi produtivo.
Gosto de viajar e não tenho como negar que 2018 foi excelente nesse ponto. Foi um ano que eu tirei para “revisitar” antigas paixões e perfeições… Então fui 2x para Barcelona, fui para Bélgica com dona Lúcia, fui para Nice, Milão, Algarve, Londres, mas também tive viagens inéditas como para Escócia, Belfast e Serra da Estrela. Foi um ano para “jogar onde está ganhando” e isso nunca foi algo ruim ou chato para mim. Refazer viagens de anos atrás (a última vez que estive em Barcelona, por exemplo, foi em 2012) é sempre uma coisa interessante, pois muita coisa muda em ambos os lados (na cidade e em você) e cria um “jogo” bem bacana de entrar em um mesmo bar, restaurante ou local e relembrar de todo o sentimento que passou ali da primeira vez e mesclar com o que você sente e pensa hoje. Admito que gosto dessa sensação mais do que pensava.
Nem só de viagens vive o CaBeCa né? The Ataris, Hold Steady, Brian Fallon e depois Gaslight Anthem, Dave Hause, Hot Water Music, The Cure, Noel Gallagher e até Counting Crows rolaram para emocionar o carequinha por aqui. Se tivesse que escolher UM show apenas? Morreria na tentativa…
E explico o porquê. The Ataris tocou o “So Long Astoria” inteiro. Foi a primeira vez que vi Hold Steady e Hot Water Music, bandas importantes nessa minha “última década”. Noel Gallagher, mesmo com marra e blá-blá-blá arrogante, sabe como fazer um show foda. The Cure é sempre formidável e Counting Crows era algo que minha vida realmente necessitava. Perdi muitos outros shows por conta de mudança ou datas complicadas, mas o leque de shows estava bem tranquilo e perfeito… Agora eu faço a promessa de ir em pelo menos dois festivais esse ano, até porque tem coisa boa “brotando” por aqui…
Eu comecei 2018 em Dublin e nunca soube detalhar quando eu realmente decidi que seriam meus últimos dias por lá. Talvez na neve, talvez no meu aniversário, talvez em Barcelona, talvez em maio. Conversei com meu chefe e ele aceitou minha mudança para Lisboa em agosto e aí nova maratona se iniciava. Deixar mala para trás, doar um monte de coisa, cancelar a vida em Dublin e ver mudança (passagem + mala despachada + carro alugado + airbnb para as primeiras semanas + lista de quartos para visitar + dinheiro + etc etc etc) cansam, mais do que você imagina…
Em agosto fiquei 2 semanas em Cascais, mudei para Carcavelos. Morei 2 meses lá e em outubro mudei para Lisboa, que é onde estou até hoje – mas não sei falar até quando. Até Deus quiser ou Ele me mostrar uma luz diferente em um novo lugar… Pelo menos agora estou mais desapegado de um monte de coisa e se tiver que mudar, as coisas são mais simples.
2018 começou e terminou com tensões na vida. Várias coisas para se pensar e em mudar no meu estilo de viver a vida. Foi um ano que, infelizmente, comecei a enxergar um certo distanciamento de certas bases que achei serem concretas demais. Isso causa certo desespero, tristeza e até incredulidade… Mas talvez o culpado de tudo isso seja eu, minha mortífera falta de raízes e meu desejo ABSURDO por viver novos desafios. O fato é que o que era “tão igual” há poucos anos atrás, vejo que “precisaria recomeçar do zero” (e isso causa um tremor se tivermos que voltar ao Brasil e conviver com essas diferenças, mentalidades para tentar chegar ao “lugar comum”).
E quase no fim, quase no fechar das luzes, eu consegui reeditar meu primeiro livro “Pequenos Passos de um Todo” e vou comecei agora (porque realmente de férias no Brasil foi TENSO ver isso) a questão de propaganda e pedidos…
2018 enfim, vai ficar marcado como um ano que introduzi o “Glória a Deus” no meu vocabulário. Que acompanhei uma das mais insanas Copas do Mundo com pessoas bêbadas (e eu sóbrio), que me irritei por coisas novas, me acostumei por outras, que o Palmeiras foi campeão quando eu nunca imaginaria que fosse, que provei novamente ser possível, que promessas existem para serem cumpridas. Que o obrigado silencioso é mais valioso que o enfeitado, que é possível ficar sem carne vermelha (!!!), que Barcelona ainda é a melhor cidade do universo (ida e volta). Que reencontros existem e servem para a gente repensar em como aquela pessoa (ou lugar) encaixa e é importante em nossas vidas. Que meus planos são mais importantes que meus finais de semana. Que ninguém é perto o suficiente e que nada é tão ruim quanto parece. Que sorrir virou uma marca registrada e ler de uma pessoa que saiu do trabalho que “sentirei falta de ver o Matheus sorrindo às 9h30 da manhã mesmo congelando” faz tu pensar em como as coisas simples são infinitas.
Enfim… Foi um ano que eu não acelerei para não estourar. 2017 eu terminei falando “Pode vir que estou pronto” e 2018 veio. 2019 novo brother, apenas mostre o caminho que a gente põe a estrada na direção e vamos, de pé em pé, até o ponto final. E de lá, escrever um novo início para um enredo (talvez) já conhecido…