Era 2014 que o Gaslight anunciou um "hiato" (ou seja, eles acabaram). Mas, como a maioria das bandas atuais, eles se reúnem para eventos "marcantes" ou "especiais"… O do Gaslight foi fazer uma tour comemorativa dos 10 anos do álbum "The ’59 Sound" – ou, o álbum que fez a banda ser conhecida (e admirada) mundialmente. Quis os deuses europeus que essa turnê passasse por Dublin num dia de sol e calor (!!!!). Nada melhor do que unir a segunda-feira e um show lavador de alma.
Conheci Gaslight Anthem em 2008, com o boom que se fez do álbum em questão. Gaslight não se tornou apenas uma banda muito foda para mim, como tenho sérias dificuldades de explicar o que suas músicas refletem na minha vida. Esqueça aquela banda de adolescência que fez você descobrir o rock. Gaslight já apareceu na fase "adulta" e trouxe consigo uma caralhada de músicas, imagens, frases e refrãos FODASTICAMENTE perfeitos e que me fez correr para vê-los. Primeira vez em 2011, segunda em 2012, terceira em 2014. Depois do "hiato", pensei que não teria mais nenhuma chance de curtir um momento como esse e me dei por "satisfeito" pelas corridas que fiz. Mas, agora em 2018 nossos caminhos "se cruzaram" (na verdade, o show ocorreu no bairro vizinho ao meu) e 20 minutos de caminhada me fizeram estar no Vicar Street.
Eram 2 bandas de abertura, com o "Doors Open" às 20h. Cheguei 20h01 e a banda inicial já tocava. Enquanto via a lojinha do merch, a banda acabou e Dave Hause (2o show da noite) se preparava para entrar no palco. 30 minutos de um show que eu tinha visto em março (junto com o Brian) e que só firmou minha vontade de download do CD deles (e vale a pena, diga-se de passagem! Pode procurar!)…
21h20 e eles se apoderam do palco. Como está normal na turnê, eles tocam umas 4 ou 5 músicas antes e depois tocam o CD na íntegra, sem cortes ou pausas… "Stay Vicious" abriu o show para delírio/alívio/alegria/felicidade dos 1500 expectadores que esgotaram os ingressos. Brian estava radiante, mas não tanto falante e a banda parecia feliz pela "nova turnê". "Handwritten" explodiu o local e fez os primeiros pulos e berros serem ouvidos – uma das músicas que mais ficam fortes ao vivo. A introdução de 5 músicas se fez quase sem pausas. Antes de começar, Brian "conversa" um pouco e apenas vira para a galera e fala "Bom, é isso… Agora a gente vai fazer a coisa ok?" e inicia o riff de "Great Expectations"…
The ’59 Sound foi um dos CDs que mais ouvi nos últimos 10 anos (facilmente). É uma mistura bonita de sentimentos, lembranças, momentos e alegria (com algumas angústias). Foi (e sempre será) a porta de entrada para as pessoas que querem realmente conhecer a banda. E não houve NENHUMA pessoa que tenha ouvido Gaslight e falou "uma bosta" – Muito pelo contrário. Gaslight é uma banda foda e produziu várias coisas interessantes (sendo reconhecida por grandes músicos mundo a fora como "uma das melhores bandas de rock do mundo atual"). Enfim, eu ainda não consigo explicar o que foi ouvir o CD todo ali, na frente, com novos arranjos, com ajustes por conta da idade (e da falta de voz) do Brian, com uns pulos e afins… Não sei! The ’59 Sound, que já tinha me emocionado quando foi tocada apenas no piano em março, foi um dos pontos fortes mesmo. Como "The Patient Ferris Wheel" que faz tanto sentido para mim. E sem esquecer "Meet me by the River’s Edge" e sua porrada em forma de frase pré refrão (You were the only one who understood me then / You’re the only one who will) e o que falar de Backseat e sua devastação em forma de libertação? Não, sério… Eu apenas não consigo separar um momento. Foi foda.
Apenas depois de Backseat, Brian volta e "conversa" com o público, agradece o apoio e não se interage muito mais – talvez por estar de saco cheio, mas talvez entendendo o quão impactante foi para o público ouvir aquele CD todo na sua frente…
Ainda teriam mais 9 músicas (aí é fácil destacar a sequência com "45" e "Howl" que me fez apenas agradecer aos céus, pela 1000a vez, por estar ali naquela noite) antes de acabar o show sem BIS com American Slang e uma saudação bonita aos bons momentos vividos. Sem frescura alguma com a banda ali, tocando suas 25 músicas quase sem descano e fazendo os velhos (e a idade média passava dos 30 anos fácil) saírem suados, felizes, alegres e cantarolando as suas partes preferidas do show.
Não foi apenas uma noite com um show de rock. Foi uma celebração às memórias, aos bons momentos e aquele ponto que faz termos certeza que fizemos a vida melhor com as jornadas escolhidas.
Gaslight, obrigado, mais uma vez, por tudo… Espero que esse possa ser "mais um" show, mas se for o último, vocês fizeram valer a pena.