Talvez eu tenha que iniciar com a razão disso ser importante. Eu sempre li sobre festivais. Na verdade sempre quis viver essas vibes diferentes de juntar 21872387312 tribos diferentes em um único lugar e ver que essas 9283128793287138123 pessoas curtem o mesmo som – geralmente sem muitos rótulos marcantes e num puta ambiente de respeito e afins. Meu primeiro foi o Rock Werchter, meu segundo o Primavera Sound, meu terceiro o BrugRock, meu quarto o Amnesia Rock Fest e consegui provar toda a insanidade de algo gigantesco (Primavera) com um lineup que foge de descrição (Amnesia)… Mas faltava ainda um ponto solto. Faltava o fato de onde toda essa vontade talvez tenha surgido: o Hyde Park.
Conheci o Hyde Park na icônica viagem em 2010 – 44 horas, sem lugar para ficar, fazendo amizades no orelhão e achando um dos hostels mais fodas da minha vida. Com a correria toda, conheci o Hyde Park como um parque apenas – sem show, apenas o parque e eu. Sem querer ficou sendo um dos lugares que mais gosto em Londres. Não tem nada demais, mas eu gosto. Quase todas as vezes que voltei na cidade depois, eu acabei dando uma volta por ali… Até que 2018 chegou me deu um presente duplo: O "único" show do The Cure na Europa em 2018 e sendo no British Summer Festival – No Hyde Park.
Comprei no 3o minuto da pré-venda, usando um código promocional e acabei garantindo meu ingresso. Pronto. Já tinha data marcada para realizar o meu (talvez) último sonho de festival. E daí o resto é a história normal…
A vibe do Hyde Park é muito que a gente vê nos demais festivais. Muita gente, muito sol, alegria para todo lado. Muito álcool, pessoas de diferentes nacionalidades, juntas, tentando entender as mesmas piadas e rir das mesmas coisas. Tudo ali unido por um acaso – uma banda em especial (no caso do Hyde Park). Arrisco dizer que 95% do público estavam "pedindo" The Cure. Para onde você olhava tinha uma capa, uma camiseta, uma bandeira, um boné ou algo que lembrasse a história da banda estava visível. A faixa etária também. The Cure não planeja (e talvez nem queira) ter um público jovem. Eu na galera toda estava me sentindo um novinho, até.
Como o festival estava soldout, eu resolvi aceitar a luta por um lugar "bom" (entenda-se próximo, mas não tanto. Fácil, mas não amontoado) no palco principal e concentrei minhas energias ali. Acabei vendo uns 10 minutos de Kathryn Joseph – não me alegrou tanto e acabei indo para o palco principal onde iria começar a Slowdive – Que também não me ganhou. A primeira banda que eu aplaudi de verdade foi Editors e já está na lista dos downloads (faça o mesmo). Desisti de Goldfrapp (nem comento a razão) e acabei indo comer para estar preparado para Interpol – descobri que conheço 2 músicas deles, enquanto uma multidão pulava em umas 10 músicas. Mas é legal, mais do que eu pensava… Tudo ia bem, até que o The Cure estava marcado para 20h20 e o festival teria que terminar as 22h30 – Ou seja, "apenas" 2h10 de show… O que para o The Cure é MUITO pouco.
20h10 eles sobem ao palco e abrem com "Plainsong" – Os 10 minutos "ganhos", fizeram que o início do show muita gente estava fora do palco e teve que entrar correndo. "Pictures of You" e "High" terminam a trinca e com um sol na cara do Robert que dava até dó (lógico que ele estava TODO de preto) e fazia perto de 26 graus (mesmo as 20h)… O set foi se desenrolando como se fosse o Bestival 2011 – Sem surpresas, apenas as melhores músicas para aquele que era uma celebração ímpar. Por conta do calor (segundo ele, o sol suga as suas energias) houve umas escorregadas em algumas letras, umas falhas meio leves, mas que para o público mal importava. The Cure é cultuado por aqui – e isso é tão fantástico de ver que dá gosto. A primeira surpresa foi quando começou "Burn" e o segundo momento "fan" foi em "From the Edge of the Deep Green Sea"… Para mim, "Disintegration" veio certa e apenas com a certeza que de SIM, ainda é muito forte ao vivo (ele quase escorregou, mas consertou no final) e assim fechava a primeira parte do show.
Como nos demais shows que vi, a segunda parte era de time ganhando e só hit atrás de hit. Lullaby, Catterpilar, Friday I’m in Love (com a básica "It’s the wrong day… but who cares?!"), Close to Me, Boys Don’t Cry e o final que deixou todos sorridentes e completes com "10:15…" (Com ele falando "Quase na hora…" porque já eram 22h23) e "Killing an Arab". Um set que agradou quem é fã antigo ou estava precisando de uma porrada de hits bem tocados – a banda ainda tem uma sintonia muito boa e mesmo com os percalços vistos, foi um show excelente para sair sorrindo fácil.
No final da noite… O corpo cansado, cheio de calor por causa do sol castigante, o sono beirando o inexplicável, mas ainda cantarolava uma ou duas canções. Feliz pelo resultado e por, mesmo dep
ois de tanto tempo, conhecer o Hyde Park e ficar perplexo com sua alegria e beleza… Continua sendo, sem sombra de dúvida, o melhor lugar de Londres.
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