Há um ano eu chegava a Dublin… Uma mudança depois de três meses em Coimbra, deixando várias coisas para trás e com um novo desafio pela frente. Dublin sempre foi um lugar intrigante e que era minha primeira opção quando decidi sair do Brasil, mas acabou aparecendo apenas depois como realidade. Eu não morro de amores por Dublin – talvez nunca tenha morrido. Era um lugar que eu queria morar por conta das oportunidades e só. Diferente de Barcelona e outros lugares que eu tenho "paixão", Dublin sempre foi diferente. Em uma comparação escrota, Dublin seria a SP aonde você vai para tentar a vida e aprender coisas novas, mas longe de ser aquele lugar que você quer viver pra sempre.
E por não morrer de amores por aqui, tudo acaba ficando um pouco pesado demais. A falta de sol é chata. O vento é absurdo. O frio irrita. A chuva desanima. O vento te faz xingar o mundo. O frio é chato pra caralho. A chuva é como se fosse eterna. O frio. O vento. A chuva. Repetidas vezes, porque a verdade é que a Irlanda não faz sol. (Com uma exceção de maio agora, porque realmente choveu poucos dias e tem feitos dias completamente bons… Só não sabemos até quando).
Não é porque não gosto daqui, que Dublin não seja um lugar bom… Em um ano eu aprendi muito, me desafiei e pude ver uma boa melhora no meu inglês (longe dele estar "ótimo"). Não posso reclamar de nada porque tenho um emprego, pago minhas contas, junto dinheiro, moro em um lugar bem legal, os italianos que divido a casa são fantásticos, não tenho muitos amigos, mas os poucos são excelentes, especiais e que me ajudam a lutar/esquecer diariamente contra todas as tristezas daqui, além de conseguir fazer minhas viagens sem peso na consciência e curtir o que eu quiser.
Existem pessoas que amam aqui. Eu não. Existem pessoas que estão aqui há 10 anos. Eu não. Existem pessoas que não pensam em mudar daqui por nada. Eu não.
Talvez esteja sendo vazio e seco, mas não tenho muito que comentar de Dublin depois desse um ano, que já não escrevi na minha retrospectiva de um ano de Europa. Dublin é uma cidade OK, onde as pessoas bebem muito, onde você encontra brasileiro em cada esquina (e talvez isso seja uma coisa ruim), tem muitos problemas, tem muita imbecilidade – e aí vira aquele lugar que, dependendo do que (e quanto) você conhece e/ou viveu, não conquista e acaba te cansando – como no meu caso. Alguns amigos(as) vieram cheio de expectativa me perguntar como vir pra cá, e eu abro o coração explicando que as coisas não são 1000 maravilhas (e talvez broxando seus planos e sonhos). Falarei disso depois, mas o problema é que dependendo do seu estilo de vida, Dublin será mais nociva que benéfica. Dublin será mais nebulosa, do que interessante…
Eu sou de Santos, minha vida sempre foi baseada em sol e/ou calor. Então é complicado viver ou planejar uma estadia muito grande em um lugar que o sol de 15 graus é saudado como se fosse Deus voltando à Terra. Entende o que quero dizer?
Mas sim, continuarei aqui. Como falei antes, ainda quero mais do que Dublin tem para oferecer… Planos futuros começam a se desenhar na cabeça e planejamentos a serem feitos, mas não posso perder o foco da minha luta diária. Como SP (ou qualquer outra cidade grande), Dublin te atropela e você acaba se perdendo, se você não se cuidar e estiver preparado. Muita gente se perdeu e vive de uma “pseudo ilusão” de sucesso por aqui, mas isso é papo para outra hora e com outro humor…
Por agora, obrigado Dublin por este 1 ano… A gente vai lutando por aí né, querida cidade fria?