Eu admito que estava com medo de começar a pensar no meu 2017. Não por nada, mas por tudo. 2017 foi um ano atípico. Eu nunca achei que ele seria fácil, extremamente fácil, como diria uma música qualquer de quando eu tinha cabelo… 2017 seria difícil. Seria um ano de coisas novas, de conquistas novas, de novas descobertas e de novos rumos. Seria um ano de experiências confusas, de grandes surpresas e de inúmeros aprendizados.
2017 foi tudo isso. Mas foi em uma montanha russa que eu não esperava e, talvez admita, não estava preparado.
2017 marcaria o ano que eu me mudaria para a Europa. Um novo mundo, uma nova vida, uma nova “identidade” e um novo recomeço (sem um começo). Então janeiro nós curtimos, fevereiro nós “trabalhamos” para tudo virar realidade. Mudar de País definitivo não é fácil. Você vende sua alma, cancela a sua vida e se desapega da sua própria pele – e isso dá um trabalho descomunual. Juro que eu não vi fevereiro passar (e eu estava “de férias”). Quando eu vi tudo já estava pronto: Minhas malas prontas, sem carro, com as papeladas em dia e dinheiro na mão. Dia 1 de março exatamente eu embarcava rumo à Zuropa querida.
Coimbra foi meu destino e lá eu encontrei uma cidade que até hoje eu gaguejo para comentar. Ela é legal, mas não. Ela é pacata. Ela é aconchegante, mas não tanto e ela te recebe, mas não te querendo. Fui para trabalhar em TI. Não sou estudante pagando 4x mais que um português e sou “português de papel roubando o emprego de um nativo” (como ouvi num bar de lá). O resultado foi que em 85 dias eu estava migrando para Dublin, para um novo recomeço e uma nova aposta em algo melhor. Estou lá ainda, quero ficar e viver mais daquilo (mesmo com o frio insuportável e sua falta de sol) e tirar um pouco do que Dublin oferece de melhor. São quase 10 meses fora do Brasil e sinto falta de coisas tolas e de abraços fáceis que damos por aqui. Me falta uma ligação para uma cerveja qualquer e me sobra uma solidão que por vezes consigo ouvir a respiração. Me dói ver os amigos em uma situação complexa e sem saber como posso ajudar, além de palavras e piadas bestas. São 10 meses de um início que seriam difícies, mas que eu não esperava tanto.
Em abril meu joelho resolveu sair do lugar e eu fiquei impossibilitado de me mover. Deus enviou um anjo em forma de amiga e transformou a minha vida em algo mágico. Coimbra deveria se chamar Manoela, simplesmente porque é assim. Manoela não é uma amiga, foi minha deusa maior. Não é uma brother qualquer, ela salvou minha vida. Ela revirou Coimbra para me ajudar e me dar um alívio quando tudo que eu mais queria era desistir. Perco as contas das vezes que ela me falava: É só uma fase, você é mais forte e maior que isso. E ela tinha razão. Graças à ela eu tirei a sombra negra de Coimbra e pintei um novo horizonte. Graças à ela que eu andei novamente em pouco tempo e pude sorrir, quando eu apenas queria chorar. Ela foi meu sol, quando a vida quis nublar o mundo. Ela foi meu porto seguro, quando eu apenas queria alguém sorrindo na minha frente, sem nenhuma razão… Apenas para mostrar que sim, a vida vale a pena. Manoela foi meu 2017.
Em Dublin, Deus me mandou algumas pessoas boas. Sem Daniela Loyarte eu jamais teria uma casa nos meus primeiros dias. Ela me ajudou a entender a cidade, a entender a burocracia e é (ainda) meu endereço em Dublin. Sem ela também estaria perdidamente fudido na “Ilha Esmeralda”. Carine apareceu no meu mês negro que quero esquecer e foi minha luz guia que ajudou meu caminho. É aquela amiga que eu sempre precisei: Ogra, direta, sem frescura e que é direta e verdadeira como eu preciso. Dublin também poderia ter outro nome…
Depois de muitas reviravoltas, Dani Esmeraldino “acertou” na minha vida. Foi mais que uma amiga, companheira e confidente. Foi uma pessoa que consegui unir sentimentos e carinho. Ela é especial e espero que tenhamos muitos outros capítulos, pois temos histórias para contar…
Tive medo para reviver 2017 e nem sabia como chamar essa minha retrospectiva. Fui no simples para tentar explicar que 2017 foi um ano que me levou ao extremo. Mudei de cidade, abandonei pessoas e coisas, revivi antigos medos, criei novas tristezas, chorei um mês inteiro, quis beber até morrer, quis desistir e juntei cacos para contar as histórias. 2017 veio para me mostrar que sou forte, que entendo desafios e que suporto derrotas. Que sei o quanto custa sonhar e o quanto é diferente o “sonho da realidade”. Que eu sou maior do que imagino e que eu posso tudo o que eu quiser. Que não importa o local, Deus manda seus “anjos” para me salvar – e eles não tem nomes bíblicos. Que eu nunca vou estar sozinho, porque tenho, velho e novos, amigos e companheiros para caminhar comigo e me mostrar que tudo é bonito.
Não tenho metas e nem desejos para 2018. Apenas a certeza que sim, estou pronto. Pode vir, eu aguento e que eu tenha saúde para cumprir todas as promessas que fiz nessa jornada de 2017. Eu estou pronto. Obrigado 2017, Vem 2018…
E vamos beber e comer.
Um desafio de 2017…
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No final do texto ficou aquele, ‘UFAáaa’.