No sábado (vulgo ontem) rolou o show da turnê de comemoração de 30 anos de carreira do Supla em Campinas. Poucas pessoas (talvez umas 200??) foram conferir a performance e até descobrir se o Papito era real e existia fora da TV…
Vi o show do Supla em 2003, em SP, num bar que já não lembro o nome e ele era “a febre do momento” – havia saído a pouco da Casa dos Artistas e tinha sua legião de fãs temporários. Lembro apenas de ser um show hilário e bom para passar o momento. Tem sua dose de músicas boas (ou que você considera boa) e com energia de sobra para todos saírem abismados com a presença de palco e carisma do “filho do Suplicy”.
13 anos se passaram (junte aí que nosso Papito tem 50 anos já) e ele ainda continua o mesmo. Extremamente chapado (ou alterado? Ou cansado!?) Supla sobe ao palco e demora a pegar no tranco. Seus movimentos são engessados, mas o show funciona… Sua forma de abrir os shows continua a mesma (música tema do último trabalho, seguido por Charada Brasileira para quebrar o clima de quem não conhece nada novo e se foca nos tempos antigo e “popular”). Daí para frente ele vai se ajeitando e mostrando uma intimidade que vejo em poucos caras – atitude, espírito, carisma e genialidade para fazer um show para 200 pessoas, num lugar vazio e agradar a todos. Até o segurança marrento na frente do palco, não segura a gargalhada quando o Supla se apoia nele e faz uma brincadeira. O show não é curto ou longo, é justo. Ele manda! Apresenta músicas que ninguém conhece, canta com seu sotaque carregado e erra letras (determinado momento ele conta que o cara do Sex Pistols o falou “você tocou errado! Você errou, mas você tem o espírito. Continue com este espírito!”) que acha que ninguém percebe. Toca Charada Brasileiro, Green Hair, Humanos e Garota de Berlim para berros comoventes. No BIS toca o que bem entende e faz até uma jam “interminável” com Billy Idol, Trashmen e Rolling Stones – Ou seja, é Rock’n’roll não importa o que você pense ou ache.
Supla é um personagem e carrega isso de todas as formas possíveis – do vestuário berrante, dos gestos com as mãos, das apontadas para mulheres quando a música fala de algo malicioso, aos caras que ele “chuta” por achar que fazem parte do que ele canta contra. Se a vida o fez nascer em um berço dourado, ele sabe se aproveitar e parecer até “gente da gente” em determinados momentos. Ele sabe que muitos ali já não compram seus discos ou acompanham sua carreira (30 anos é de se respeitar, vai!), mas pagam para ver de perto um cara que não existe descrição aproximada ou é cópia de alguém – falar que ele é o Billy Idol brasileiro é pouco para o Supla, porque o Supla é o Supla. Como o Silvio Santos, como o Galvão Bueno, Supla é Supla – para o bem ou mal, ele é único e vê-lo de perto é algo necessário na tua vida.
No fim das contas, todos riram e se divertiram! Foda-se o resto… “Eu não posso fugir disso, eu sou rock’n’roll e essa é minha vida” foi o que ele falou antes de tocar Heroes de Bowie.