Há exatos dois anos, eu não tinha noção que te perderia em um mês. É engraçado como a gente pode pensar nisso hoje… São 23 meses que você nos deixou e ainda vejo seu rosto logo ao acordar da cama. Duas fotos suas decoram meu criado-mudo. Ambas tiradas quando você não tinha 5 anos, e você nos deixaria com quase 15.
Toda hora acontece isso. Eu penso em algo sobre você e me perco em alguma lembrança ou fato, me desconectando completamente do meu ponto inicial… Mas há exatos 2 anos, seria o último mês que você ficaria conosco. Os últimos 30 dias que não nos deram NENHUMA pista que seriam os últimos. A sua fraqueza era normal dos últimos tempos, as agonias não existiam e apenas a sua calma, tão incomum na época das fotos que estão aqui, era notada diariamente (juro que vou parar de mudar o assunto…). Mas isso nós – e você – já estávamos acostumados.
É engraçado pensar que eram os últimos 30 dias. Talvez se fosse hoje eu teria feito muita coisa diferente. Talvez tivesse tirado umas férias e passado os dias apenas te olhando e te enchendo um pouco mais o saco. Você gostava disso, como gostava de outras coisas… Como polvo, por exemplo, lembra? Rimos absurdos ao lembrar você chorando todas as vezes que a mamãe fazia o prato. E gostava também de ficar sozinha no seu canto. Descansar em paz consigo mesma. Talvez você tenha pegado essa mania de mim e só seria mais um ponto da nossa ligação cósmica.
Mas voltando aos 30 dias, se eu tivesse vivido de uma maneira diferente, teria me sufocado ao saber dos últimos 10, dos últimos 5, dos últimos 2… Lembro a mudança brusca, dos remédios a mais e de como tudo – TUDO – se transformou. Se eu soubesse disso não teria tido como sustentar e faria alguma bobagem no desespero.
Dizem que as pessoas sentem saudades por conta dos grandes momentos vividos. Acredito que a saudade existe para termos noção do espaço ocupado pelo próximo. Dá saudades de ver como uma simples "doga" pôde fazer tanto por uma pessoa. De como uma cachorra, não é só um animal, mas um ser humano e como a nossa vó (que acredito que esteja aí do seu lado) dizia: "Mal comparado, é como uma pessoa…".
Mika, ainda sonho contigo e sei que são as suas visitas que deixam meu apartamento mais cheio. Sei que algumas noites você me acompanha no sono e tenho absoluta certeza que bufa de raiva de me ver acordando às 5h12 para ir nadar… Talvez, se eu tivesse mais tempo, não te acordaria nesse horário. Talvez esquecesse um pouco de mim e ficasse apenas com você nos momentos finais, mas já que não tenho este poder (e nunca tive) me tranquilizo em pensar que fiz o que foi necessário. Fiz o que estava ao meu alcance para te ver feliz e bem. Se o fim reservou tudo aquilo que passamos, foi o necessário. Não mudaria um ponto, pois se mudasse com certeza teria estragado algo dos seus 15 anos de história conosco… Você faz falta. Sempre fará e é com essa falta, que me conforto em saber que um dia, que eu não tenho ideia quando será, iremos viver tudo novamente…
Hoje é 5 de janeiro de 2016 e você se foi em 5 de fevereiro de 2014…
Me dá um abraço e um beijo Mika. Boa noite, saudades amor! Te amo!
Que lindo! 😍
Não podia imaginar que o amigo “linguarudo” da musculação fosse tão bom escritor e tivesse esse amor tão puro e tão verdadeiro por um cão. Só acho que você podia se permitir , deixar o coração transbordar de felicidade ao ver um rabo abanando novamente , com tudo que vem junto com ele ( artes, bagunça e pelos pela casa ) .
Quem sabe um dia outro peludo possa fazer parte da sua vida ! Ela vai ficar mais feliz , isso eu garanto !