Um resumo do que é viajar para mim…

Iniciei este blog em 2010 para ter um lugar onde pudesse colocar todos os pontos que usei para planejar meu primeiro mochilão pela Europa. A ideia era deixar um "repositório" de informações e que também fosse (como foi) meu diário de bordo. Contando as descobertas, as conquistas e os percalços de cada passo dado. Até por isso, a categoria "Europa2010" é a que mais tem post no blog e tudo segue uma cronologia bacana e uma hierarquia de posts que foi feita sem querer…

Depois vieram o segundo e o terceiro mochilões por lá… Este último em grande estilo, com a Dna Lúcia de companheira de viagem. Depois me perdi pela América do Sul. Parti na loucura do Canadá ano passado, planejando minha viagem poucos meses antes do embarque e centrando para vivenciar o Amnesia Rockfest… Até chegar em 2015, que não teria nenhuma viagem, e apareceu a Colômbia para meu destino.

Enfim, desde 2010 todo ano eu faço uma viagem diferente. Mais louca, mais comportada, mais insana ou mais diferente… O que importa é viajar e conhecer coisas novas. De cultura a gastronomia. De manias a particularidades… Está tudo no pacote.

Mas acho que viajar é um pouco mais "intenso"… Algo que parte muito mais do não saber o que esperar e ver onde vai dar. Muito mais do lance de "coloca as roupas, fecha a mochila e parte" do que "Eu li sobre tal e tal lugar, quero muito conhecer!". Eu gosto do encanto de nem saber o que esperar e a cada viagem eu estou menos ligando de onde ir ou como ir. Foco total no IR e quando chegar, decidir o que fazer…

A cada ano eu planejo menos minhas viagens. Foram quase 13 meses de preparação para embarcar para a Europa em 2010 para menos de 2 para a Colômbia. E para mim a graça é exatamente essa: Se jogar e não esperar muito. Perdi muitas coisas com expectativas criadas. Amsterdam por exemplo, eu pesquisei tanto, li tanto e quando cheguei foi tão broxante que rolou uma espécie de arrependimento. Não que a cidade não seja foda, ela é! Mas não encaixou comigo. E isso acontece infelizmente. Dublin era um sonho desde ouvir The Pogues quando eu nem arranhava inglês, quando conheci eu tive uma visão turva daquele romantismo criado, que quando me perguntam de Dublin eu respondo "É legal…" sem qualquer entusiasmo…

E o outro lado acontece (e muito) também. No primeiro Mochilão, eu "joguei" Barcelona para o último lugar. Tinha até tirado do roteiro e o Rafa que insistiu "Não cara, vamos fazer a parte de carro pelo sul da França e passamos 3 dias lá porque eu não conheço e falam que é foda!" e eu respondi "OK cara… Você quem sabe. Se não, eu tiro fácil" – Quando eu cheguei lá, a cidade não só me pareceu perfeita, como eu tenho CERTEZA que ela pulsa uma parte do meu sangue, tem meu ritmo e todo o significado que existir para cidade-foda-perfeita, tem Barcelona como descrição. E Zadar?! O Camilo quis ir e eu falei "Cara, tenho 5 dias livres… Vê ai para onde vai e me fala, topo qualquer coisa!". Eu não li nada sobre Zadar e Split. Fui ouvir falar dos lugares na hora, lendo um roteirinho que o Camilo imprimiu sabe-se lá onde e o resultado é que a irmã menor de cidade-foda-perfeita, se chama Zadar! Tudo parece maravilhoso e fantástico… Tudo!

Então eu fui "desistindo" de pesquisar lugares. Eu leio o básico existente do local e daí parto para conhecer o que vier pela frente. Viajar para mim é isso. É fazer o desconhecido, virar conhecido. É parar em um lugar que você ache foda e tentar descolar uma explicação de um tour qualquer do teu lado para entender o que se passou por ali… Viajar é se perder. Seja no idioma, seja no cardápio, seja nas ruas… Porque quanto mais perdido você estar, mais você vai ter visto uma cidade completamente diferente do que você leu ou esperou…

Viajar também é perder. Perder para ganhar. É perder alguma coisa que você tinha, para ganhar outra que você nem imaginava. É deixar um pouco de você por onde passar. Afinal, quando você está cheio de coisas antigas na vida, as novas não tem espaço… Então você tem que abrir mão de algumas coisas para abrir espaço para as novas que irão vir.

Desde 2010 eu perco algo. Já foi voo de volta. Já foi conexão que me atrasou. Já foi um amassado no carro alugado. Já foi quase o passaporte. Já foi o caixa eletrônico que dobrou o valor do saque. Já foi documento. Já foi ônibus… Dessa vez foi a minha corrente e minha câmera, ambas perdi para o mar do Caribe. Mas sabe o que eu aprendi disso tudo? Faz parte! Eu já perdi tudo isso e mesmo assim, no ano seguinte, a força e a gana estão gigantes para vivermos novas experiências e começar todo o ciclo novamente… Eu aprendi a não lamentar e sim aceitar. Perco hoje, porque sei que ganhei outras coisas para suprir a ausência e, o que for material, na real… Compra-se outra hora.

O Mar do Caribe me tirou essas duas coisas, mas me deu um azul foda, me deixou mergulhar e superar profundidades que eu mesmo não imaginava conseguir, para ver uma estátua a 7 metros. Permitiu que eu curtisse e visse imagens e vidas tão perfeitas que eu falo facilmente: Obrigado! O que eu ganhei ficará para sempre… O que eu perdi, já era hora de dar adeus mesmo.

Este desabafo não tem muita razão. Só deu vontade de filosofar sobre tudo isso que andei vivendo e aprendendo. Para que lá na frente eu possa lembrar tudo o que tive na vida e de tudo que aprendi conhecendo, me perdendo, perdendo, ganhando, vivendo, amando e viajando… Sempre viajando. Porque viajar é viver.

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