A caminhada ainda é árdua…

Outro dia vi um poeta vendendo suas poesias na rua. Um poeta. Vendendo poesias. Acho bom contextualizar melhor. Era um cara comum, como eu. Vendendo poesias, que ele mesmo disse serem estranhas e simples demais, pois cada verso era uma poesia. Logo, ele vendia isso, para as pessoas nos bares, como sustento da sua vida. Era um livretinho (do tamanho de um guardanapo), com 6 folhas, 6 versos, 6 poesias, 50 palavras no máximo, com uma letra de fazer inveja (e ele achando ela feia – apenas para ganhar o confete do elogio) e tudo feito manualmente. No sentimento de uma vida entregue à arte. Na esperança de viver pelos seus sonhos e sua poesia. Ele vendia. Quando eu o vi chegar, me pegou de surpresa, me pegou na alegria de fazer parte desse mundo. Não por sustento. Jamais pelo sustento. Talvez nunca, mas por hora medida, um hobby e uma experiência. De vender o que fiz, de poder mostrar ao mundo maior um trabalho simples e que faço há tanto tempo. Ele me deu uma luz. De mesa em mesa, foi passando e sendo recusado. Ali entendi a razão. Ele falhou. Falhou ao colocar um preço neste pedaço de arte. Falhou em colocar um mínimo valor (alto demais em minha opinião), por algo que ele quiçá chorou de orgulho. A meu ver, falhou por induzir e não presentear o mundo com isso. Poderia ser seu sustento, mas um poeta deve viver a poesia da vida. Deve saber dar um aplauso no silêncio e viver com a alegria que alguém, em algum lugar, sem saber do seu rosto ou nome, chora com sua arte. Deve se alimentar da sensação de uma pessoa desconhecida de seus olhos, compartilhar um pouco do seu suspiro, um pouco da sua luz. Daí ele seria completo.

O mundo é injusto, mas ninguém disse que ser poeta é fácil. De verso em verso, de estrofe em estrofe e de livro em livro, se faz a magia da arte. A pura e simples poesia.

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