Parece mentira, mas há 1 ano eu estava na mesma insônia de hoje. Há 1 ano, eu andava de um lado para o outro do quarto. Sem rumo e perdido no nervosismo inicial. Sim, só faz 1 ano e parece que foi uma vida inteira. Mas há 1 ano eu embarcava para o meu “famoso” primeiro mochilão para a Europa.
Sempre escrevi aqui, que esta minha parada de ficar “aficionado” pelo meu mochilão, era algo um tanto quanto imbecil. Dezenas de pessoas partem para a mesma viagem, fazem mais destinos e não “guardam” essa importância. Eu não. Jamais.
Quando me vejo pensando nesta viagem, é inevitável pensar nos dois anos antes. Nas pessoas que não foram, que desistiram por bobagens ou por outros problemas. Em como comprei a passagem na escura. Como eu fiz o roteiro, como o Tiago surgiu na viagem, como o Kido topou ir… É muito complexo pensar em tudo. Foi a primeira vez, foi a tão sonhada viagem! E ela aconteceu a APENAS um ano.
Rodar um filme do que passou neste um ano, é complicado. Amigos vieram, amigos se foram, amigos se distanciaram, amigos chegaram. Máscaras caíram, mentiras foram reveladas, verdades ditas e, talvez o mais importante, lugares foram descobertos. O papo é sobre a viagem, NADA sobre a vida pessoal (Apesar de que sempre vejo uma ligação entre esses esquemas de viajar-para-lugares-únicos x vida-pessoal-mudada. É inevitável, por sinal).
Mas, há 1 ano eu partia daqui rumo à Madrid, com o medo inicial da imigração, com todos os medos existentes e uma dose extra de alegria para curtir todos os 27 dias seguintes. Rolou tudo bem e depois eu só curtia a cidade que me bateu pouco, mas me proporcionou uma noite de 4 clubes, EUR10 e muita bebida destilada na veia. E calor. Madrid fez calor e foi ótima.
Depois teve Paris com todo seu status de “Sou foda”, mas com pessoas mijando no metro, bairros estranhos, pessoas estranhas e a primeira impressão da “tão falada Paris” foi pela torneira. Mas, Paris tiveram amigas brasileiras legais. Teve toda a sua parte bonita com Torre, Louvre, Arco, Jardins e etc. Enfim, ela é foda, bonita, mas tem sua escuridão absurda.
Depois teve Londres e a primeira grande enroscada da viagem. Mas, teve as mais especiais amizades (salvas por um orelhão) e as nossas duas novas amigas, transformarando as 40 horas restantes de Londres, em perfeitas.
Depois teve Bruxelas, encontro com o Rafa, conheci o Camilo e o país-paraíso das cervejas foi me mostrado, direto, com uma ida à Delirium e as melhores cervejas ever. Teve espaço para uma festa da cerveja em Bruges, rolezinho por outras cidades do interior, como Gent (e o melhor fim de tarde EVER), Leuven e afins… Foi o primeiro momento da viagem que eu olhei e falei “Ta aí, amo este lugar! Moraria aqui!”
Depois teve Amsterdam e toda a minha expectativa não rolou. Não sei a razão, não sei dizer porquê. Amsterdam é uma cidade, é animal, é bonita e é imponente. Mas tudo me soa falso, tudo nela me soa como aproveitadora. Não é uma beleza verdadeira (e a parte de beleza verdadeira, é esquecida absurdamente). Amsterdam, não me encantou, mas nem por isso foi tempo perdido nela. Nunca.
Depois teve Berlim e Berlim é foda. Simples assim. Foi um dia e meio, apenas. Mas Berlim é foda. Não consigo explicar porque, mas ela é forte. Suas ruas marcadas pela guerra, seus pontos obscuros. Ver que ali, naquele lugar tão belo e tão forte, foi o “ponto central” para um dos maiores terrores do mundo. Falo que a cidade é foda, por ser foda… Não por pena ou coisa parecida. Mas, pelo pouco ela me pegou como eu não pensei que fosse acontecer.
Depois teve a Oktoberfest em Munich. Eu nem tenho o que comentar. A Oktoberfest original, com tudo que é de direito. Canecas de 1 litro na mão, euros gastos de forma alegre e INÚMERAS histórias para contar.
Depois teve uma noite em Verona. Que foi uma noite simples, uma noite memorável e que vai ficar por muito tempo guardada em nossas mentes. Verona é aquela cidade pequena e linda! Nem pense que falo isso por ser a cidade da Julieta! hahahaha
Cinqueterre dispensa comentários. Quando olhava as fotos no google, eu achava que era mentira existir uma cidade deste estilo. Quando finalmente chegamos, eu ria sozinho. Era verdade! Absurdo! Cinqueterre fez um sol absurdo, um calor gostoso e MUITO (quando eu digo MUITO, é MUITO!) vinho! Ali também eu conheci o Mediterrâneo.
Depois teve Nice que foi vista noturna e adorada. Mas, pela manhã é que foi possível ver realmente sua beleza. Não gostei (pessoalmente falando, óbvio) da França de uma maneira geral, mas Nice é a exceção da regra. Por Nice eu volto. Por Nice eu aturo os franceses! hahaha
Depois demos uma passada em Mônaco, a cidade de todo um glamour absurdo. Cidade cara (ainda lembro de irmos procurar um “PF” e ver que o pratinho custava 37EUR!) e de todo o luxo possível e imaginário. Até a Heineken na praia foi uma coisa de outro mundo (não me lembro, mas acho que foi EUR4,5, porque achamos um lugar barato!). Mas, fazer uma parte do circuito da F1, ver o cassino (obviamente de fora) e outras coisas mais, valeram a pena.
Depois fomos para Marseille e acho que ninguém gostou da cidade. Não sei dizer se foi pelo albergue ruim, pela balada estranha, pelas ruas feias… Mas, foi uma cidade X que nem tenho o que comentar (por sinal não tem foto!).
Ao acordarmos em Marseille e decidir que não iríamos ficar na cidade, partimos para Cassis e suas fotos fenomenais se comprovaram. Depois de 1h30 de caiaque, morrendo e com Morsas perto (leia-se Rafa) chegamos a um lugar fantásticos. Falésias espetaculares e lindas. Daquelas que faz tudo valer a pena. FODA. Obviamente que se foi 1h30 de ida… Foram quase 2h de voltas, de caiaque, com maré contra! Fenomenal!
A tristeza de saber que o fim da viagem estava chegando a 4 dias, começava a despontar… Mas, o melhor (e o mais perfeito) ainda estava por acontecer. Barcelona. Não tenho o que comentar de Barcelona. Acho que já falei tanto dela, mas tanto, que acabarei sendo chato e previsível. Sim, Barcelona é a melhor cidade da minha vida. Barcelona tem algo que eu entendo, que eu gosto e que é meu de outras vidas. A ligação é mágica. TUDO em Barcelona me faz definir como “foda demais para existir”. TUDO!
Sei que ficou longo, mas escrevo para mim. Escrevo para daqui a outro ano, eu reveja e possa reviver novamente as emoções experimentadas nesta viagem. Foram dois anos de planejamento, de economias feitas, de pesquisas e desenhos de roteiros. Foram dois anos de preparação para chegar e gastar toda essa energia e alegria em 27 dias. Valeu a pena? “PORRA! PRA CARALHO!” é a resposta padrão de hoje e de sempre. E eu nem comentei, apesar de vocês saberem, que este ano foi “tão longo” que teve meu segundo mochilão, em junho, e nem fazia um ano do primeiro… Mas isso, é papo para frente. Por hoje, eu vou curtir e relembrar as minhas férias de 2010…