Demorei uma semana. Uma semana em que, no domingo (quatro dias depois) eu ainda sentia dores nas pernas, minha voz ainda rouca e totalmente sem energia. Uma semana, para a porrada que o show foi, é pouquíssimo tempo!
Há exatas 168 horas atrás, estava eu com algumas cervejas na cabeça (nada de mais), há mais de 4 horas em pé, com brincadeirinhas e novas amizades ao lado, me deparo com o coelhinho rosa, 2 garrafas de cerveja (agora se tinha cerveja dentro é oooooutro assunto) na mão, brincadeirinhas de mão, viradas de cervejas e… A introdução de Song of the Century. Luzes apagadas, aquela gritaria histérica da adolescência em massa do Anhembi e eu olhava pra todo mundo com cara de “Ahn?!” porque eram 21h30 e o show estava marcado para às 22h! Mas estamos falando de Green Day, estamos falando de Billie, Mike, Tré e mais quem for… Estamos falando deles que, ano após ano na minha vida, tomaram o lugar de banda mais importante na minha vida. Estamos falando de Green Day PORRA! E se eles quisessem tocar às 16h da tarde, eles poderiam! O Som do século terminou e a gritaria aumentou com eles no palco. Aos poucos, cada um foi adentrando e o “21 st Century Breakdown”… Ali começou minha morte. A música é pop? Não tem “quase” rock? Foda-se! Eles transformam ela em algo poderoso ao vivo. Eu olhava para o lado e até o pai que acompanhou a filha estava pulando ou acompanhando com palminhas… Eu pulava e urrava letra a letra de um sonho que virava realidade.
O setlist está aqui e se vc olhar vc desacredita em tudo que rolou. Eu, que fui e urrei todas as músicas, olhava na quinta-feira, chorava e tentava falar “Eles são doentes! Porque tocar essa sequência?!”. Sim, o set foi todo normal e “de boa” até a décima primeira música, depois, eles devem ter falado “Quer saber?! Quero ver morte! Vamo ver quem conhece nossas músicas?!” lançaram Burnout que eu já tinha prometido pra minha alma que morreria nessa hora (estava sem voz já na sexta música, em Burnout minha garganta urrava em dor!)… Achei que pararia e viria algo normal, mas não eles já queriam a morte dos fãs… F.O.D. roda aberta, música berrada, lágrimas de emoção em ouvir uma música completamente inesperada e (nessa hora eu acho que o setlist informado está errado… Geek Stink Breath na minha mente foi depois) o Billie vira e fala que a próxima música é para alguém que se foi… O “famoso” (pelo menos para a galera do 1039) Jason Andrew Relva e “apresenta” o Mr. Mike Dirtn…
Nessa hora olho incrédulo para o Paulo que estava com cara de “Matheus, que porra é essa?!” e sim, ouvimos (uma das) a intro mais retardada das músicas favoritas… J.A.R. eu desacreditei e ali joguei terra em cima, pois estava morto de verdade (e delirando!)… Acabou JAR e vc acha que a insanidade do BJ parou por aí?! “The next song is call Stuck With Me Allright?” só deu tempo de berrar “CARA…” o resto foi pulando mais ainda e com a nossa roda de pessoas que sorriam, que olhavam para o palco e cantavam com cara de “Eu to sonhando!”… Sim, era esse o feeling de todos, esse era o sentimento que rolava na roda, que rolava nos pulos, nos abraços e nos berros de todos os sei-lá-quantos que éramos os fãs antigos, os fãs que conheciam as músicas antigas e que sabiam cantar todas as músicas e, mais importante do que cantar, desacreditavam que aquelas horas estavam acontecendo.
Falar que a insanidade continuou seria redundância, mas pelo menos voltou ao “normal” dos setlists do Brasil. Dominated Love Slave foi fantástica (com direito a passinhos countrys na roda), 2000 Lights rolou pra celebrar aquela época boa que a frase de abertura fazia todo sentido nas nossas vidas…
Definir a parte mais chocante, mais especial, mais pesada (na minha opinião) é complicada até hoje. Ouvir JAR foi foda imendá-la com Stuck With Me foi surreal, 2000 foi nostalgica pois foi uma música que em alguns momentos foram especiais (e o Kerplunk na minha opinião é um dos melhores CDs do Green Day), When I Come Around rolou e até agora não lembro onde eu fui parar nos pensamentos, eu pulava de olho fechado, acompanhando talvez com um ritmo errado e eu não sei o que eu pensava, Basket Case / She nem preciso comentar, Time of Your Life foi o momento mais complexo do show… Eu estava sozinho, em frente ao palco, sem ninguém conhecido ao lado e um cara do meu lado (mais velho que eu, uns 30 e poucos anos) virou me esticou a mão e falou “Não te conheço, mas obrigado por estar aqui e dividir esse Green Day comigo!”. Uma menina do lado ouviu ele falando e abraçando nós dois também agradeceu. Eu, totalmente sem voz, com cara de desacreditado, só consegui sorrir e sussurar um “Obrigado”.
O dia seguinte foi de emoção da minha parte, fiquei destruído, sem voz, sem conseguir pensar em nada que não fosse tentar entender o que tinha se passado… Como dá para perceber, até hoje eu não sei o que aconteceu naquele 20 de outubro.
Foi épico, foi indescritível, foi especial e foi, sim, o melhor show da minha vida. Sem dúvidas que ele seria, mas ele me deu uma lição de vida… E sim, queira você ou não (e eu pouco me importo com sua opinião), pra mim o Green Day é a melhor (e maior) banda de rock do mundo.
Qual a diferença entre o SHOW do Guns N’ Roses e do Green Day?? Se você chegar atrasado em uma hora do show do Guns você certamente não perdeu nada, pois o Axl ainda está dormindo. No Green Day, você já perdeu metade do show, porque o BJ começa antes do horário marcado! hehehe
Esqueceu de dizer quem são as pessoas das fotos!
Gordo… A primeira foto: Karla, Bruno, Thiago e Eu
A segunda foto: André (primo do Thiago), Mariluci (Tia do Thiago), Karla, Lúcia, Thiago, Tadeu (ou Thadeu, ou sei la! Um cara que tava sozinho lá e que faz Unicamp!) e eu…
A terceira, o Green DAy no início do show (as primeiras músicas)
A Quarta, BJ… Billie Joe Armstrong… ELE!
A quinta, o Green Day na parte de Burnout e afins… (Com o LOGO do Kerplunk atrás)
A sexta, acima: Bruno, Paulo, Thiago (primo do Paulo, Tadeu
abaixo: Eu alucinado no pós-show, Thiago e Tarcízio (amigo meu que estudou comigo e o Thiago no Carmo e que mora aqui perto… Fomos juntos daqui pro show!)