E a gente aprende…

Completo hoje 6 meses de Europa. 6 meses turbulentos, com desafios, guerras intermináveis e quase derrotas profundas… Quase, porque eu ainda estou vivo e pronto para tudo!

Em 6 meses, eu tive muitas coisas que mudaram ou simplesmente sumiram. Planos foram refeitos, planejamentos financeiros repensados, novos horizontes, novos endereços, novas loucuras e velhos medos… Nunca me faltaram motivos para comemorar – as pequenas, médias ou grandes conquistas, pois toda conquista deve ser comemorada – todo mínimo passo pra frente deve ser brindado.

Eu cheguei dia 2 de março em Lisboa. Sem dormir, com o nervosismo brotando na testa e com certo receio do mundo que sempre admirei, mas nunca havia morado. Sofri com o sotaque e com as palavras novas, mas a gente aprende. Tive que sair e descobrir várias coisas inéditas para documentação, como se virar, como conseguir um documento, como ter tal liberação, onde ir ou não ir e etc. Tentei me integrar e falhei miseravelmente. Mas não me abati, aprendi ainda mais a ser silencioso, a ser quieto e a viver mais na singularidade. A gente aprende. Meu hobby favorito foi tirado de mim, com uma lesão que até hoje me incomoda. Chorei em um silêncio tão surreal que nem hoje consigo explicá-lo. Fiquei sem andar e logo depois "me mandaram embora", mas continuei a luta. Afinal, a gente aprende. Contra todos os medos, fazendo milhões de contas e tentando prever um futuro incerto, eu arrumei um novo emprego. Perto? Nunca! Em outro "continente" e lá fui eu analisar como realizar a mudança e trazer o necessário. Mas, e o resto? Mais desapegos, menos roupas, o que já era pouco, ficou quase nada e vivo com isso até agora. Mas, a gente aprende. Chegar a um novo país, uma nova língua – que você entende, mas não domina e que você lê, mas não escreve – e você precisa refazer tudo aquilo lá de cima, com mais dificuldades. Mas estamos aqui para aprender. Achar uma acomodação, entender que aqui é ruim, pagar um dinheiro que você nem sabe se vai ter e começar novas amizades. Aqui o silêncio existe, ele ainda está mais presente, mas eu já sei o que fazer e até como me comunicar em completo silêncio. Afinal, a gente aprende. Com o medo sempre próximo demais, você cria pequenas datas decisivas, baseadas nas suas péssimas derrotas, e com o tempo cada uma vai caindo por terra e sumindo, te dando mais confiança e mais leveza. 6 meses e a vida não para de criar batalhas. Aqui tudo é rápido, tudo é intenso. Aqui envelheço e renasço muito mais rápido do que imaginei. Aqui a gente aprende. Um tempo depois eu não consigo nem criar mais objetivos, apenas viver os meus desafios e batalhas quase que “semanais”. A gente aprende até a esperar por isso…

Eu não sei falar se são os primeiros 6 meses de 1 ou 15 anos. Eu não sei falar os primeiros ou últimos passos por aqui. E ontem, me perguntaram na curiosidade: “Quanto tempo você planeja ficar?” E eu respondi: “Enquanto eu tiver aceitação, eu vou ficando…” E a pessoa me disse: "Você tá certo, mesmo aqui sendo um pouco esquisito, a gente aprende a gostar…" e eu respondi o que foi a frase de inspiração para esse desabafo: "Sim, exatamente… A vida ensina e a gente aprende…”.

Terminamos a bebida e a menina ecoou "Isso, a gente aprende…"

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2 thoughts on “E a gente aprende…”

  1. Força e fé, meu amigo! Somos eternos aprendizes e nada melhor do que grandes desafios, grandes batalhas, grandes derrotas, grandes dores e grandes alegrias para aprendermos ainda mais e melhor como encarar os próximos desafios, batalhas, derrotas, dores e alegrias que virão pela frente!

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